sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Monsanto é condenada por propaganda enganosa

Esta notícia maravilhosa retirei do Blog Em Pratos Limpos e não escondo minha felicidade. Ainda tenho esperança de que, um dia, as propagadas enganosas, espalhadas aos sete-ventos com a pior má-fé, deixem de existir.

Monsanto é condenada por propaganda enganosa

22, agosto, 2012
 
Propaganda em que relacionava o uso de semente de soja transgênica e de herbicida à base de glifosato usado no seu plantio como benéficos à conservação do meio ambiente.

Por Ascom TRF4, 21/08/2012

A 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) condenou, na última semana, a empresa Monsanto do Brasil a pagar indenização de R$ 500 mil por danos morais causados aos consumidores ao veicular, em 2004, propaganda em que relacionava o uso de semente de soja transgênica e de herbicida à base de glifosato usado no seu plantio como benéficos à conservação do meio ambiente.

A empresa de biotecnologia, que vende produtos e serviços agrícolas, também foi condenada a divulgar uma contrapropaganda esclarecendo as consequências negativas que a utilização de qualquer agrotóxico causa à saúde dos homens e dos animais.

Segundo o Ministério Público Federal, que ajuizou a ação civil pública contra a Monsanto, o comercial era enganoso e o objetivo da publicidade era preparar o mercado para a aquisição de sementes geneticamente modificadas e do herbicida usado nestas, isso no momento em que se discutia no país a aprovação da Lei de Biossegurança, promulgada em 2005.

A campanha foi veiculada na TV, nas rádios e na imprensa escrita. Tratava-se de um diálogo entre pai e filho, no qual o primeiro explicava o que significava a palavra “orgulho”, ligando esta ao sentimento resultante de seu trabalho com sementes transgênicas, com o seguinte texto:

- Pai, o que é o orgulho?

- O orgulho: orgulho é o que eu sinto quando olho essa lavoura. Quando eu vejo a importância dessa soja transgênica para a agricultura e a economia do Brasil. O orgulho é saber que a gente está protegendo o meio ambiente, usando o plantio direto com menos herbicida. O orgulho é poder ajudar o país a produzir mais alimentos e de qualidade. Entendeu o que é orgulho, filho?

- Entendi, é o que sinto de você, pai.

A empresa defendeu-se argumentando que a campanha tinha fins institucionais e não comerciais. Que o comercial dirigia-se aos agricultores gaúchos de Passo Fundo com o objetivo de homenagear o pioneirismo no plantio de soja transgênica, utilizando menos herbicida e preservando mais o meio ambiente.

A Justiça Federal de Passo Fundo considerou a ação improcedente e a sentença absolveu a Monsanto. A decisão levou o MPF a recorrer ao tribunal. Segundo a Procuradoria, a empresa foi oportunista ao veicular em campanha publicitária assunto polêmico como o plantio de transgênicos e a quantidade de herbicida usada nesse tipo de lavoura. “Não existe certeza científica acerca de que a soja comercializada pela Monsanto usa menos herbicida”, salientou o MPF.

O relator do voto vencedor no tribunal, desembargador federal Jorge Antônio Maurique, reformou a sentença. “Tratando-se a ré de empresa de biotecnologia, parece óbvio não ter pretendido gastar recursos financeiros com comercial para divulgar benefícios do plantio direto para o meio ambiente, mas sim a soja transgênica que produz e comercializa”, afirmou Maurique.

O desembargador analisou os estudos constantes nos autos apresentados pelo MPF e chegou à conclusão de que não procede a afirmação publicitária da Monsanto de que o plantio de sementes transgênicas demanda menor uso de agrotóxicos. Também apontou que agricultores em várias partes do mundo relatam que o herbicida à base de glifosato já encontra resistência de plantas daninhas.

Segundo Maurique, “a propaganda deveria, no mínimo, advertir que os benefícios nela apregoados não são unânimes no meio científico e advertir expressamente sobre os malefícios da utilização de agrotóxicos de qualquer espécie”.

O desembargador lembrou ainda em seu voto que, quando veiculada a propaganda, a soja transgênica não estava legalizada no país e era oriunda de contrabando, sendo o comercial um incentivo à atividade criminosa, que deveria ser coibida. “A ré realizou propaganda abusiva e enganosa, pois enalteceu produto cuja venda era proibida no Brasil e não esclareceu que seus pretensos benefícios são muito contestados no meio científico, inclusive com estudos sérios em sentido contrário ao apregoado pela Monsanto”, concluiu.

O valor da indenização deverá ser revertido para o Fundo de Recuperação de Bens Lesados, instituído pela Lei Estadual 10.913/97. A contrapropaganda deverá ser veiculada com a mesma frequência e preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço e horário do comercial contestado, no prazo de 30 dias após a publicação da decisão do TRF4, devendo a empresa pagar multa diária de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Ainda cabe recurso contra a decisão .


TRF4 – Via EcoAgência

Feminismo e o caso de Cece MacDonald

Encontrei esse excelente texto de Leda Ferreira no Blog das Blogueiras Feministas. Interessante e bastante denso. Para pensar e quebrar paradigmas.



Mulheres invisíveis


Ela andava pela rua junto com algumas amigas, quando de repente começam a ouvir vozes, proferindo ofensas raciais e sexuais. Era um grupo de homens e mulheres brancos, héteros e cissexuais, um dos quais é defensor da supremacia branca, a ponto de portar em seu corpo uma tatuagem da suástica nazista.

Palavras de baixo calão. Ouvir xingamentos é algo dolorido, e ela passava por aquilo todos os dias. Não suportou ouvir tantos despautérios. Tinha que reagir. Confrontou o grupo que agredia verbalmente ela e suas amigas, dizendo que não toleraria preconceito. A agressão verbal se tornou agressão física, e uma das mulheres a agrediu com um copo de vidro, ferindo-a no rosto. A vítima tentou escapar, e já havia chegado à esquina quando um dos agressores – Dean Schmitz, o nazista, que já tinha histórico criminal de violência – tentou impedi-la de escapar puxando-a pelo braço na direção dele. Ao fazer isso, a tesoura que a vítima trazia para se defender – a realidade da sua vida a motivou a tomar precauções para se proteger – entrou em seu peito, e ele morreu. Quando a polícia apareceu, a vítima, que estava num ato de legítima defesa, virou a ré, e acabou sendo a única pessoa presa. Foi processada e sua liberdade lhe foi tirada.

Apesar das evidências de autodefesa que foram levantadas, e de que as agressões verbais e físicas partiram do grupo de Schmitz, a corte se recusou a levá-las em consideração. A voz da vítima foi abafada. Foi enviada para uma prisão masculina, e até os remédios receitados para um tratamento de saúde lhe foram retirados. Seus direitos foram totalmente pisoteados.

Lendo esta história logo imaginamos um roteiro de um filme de suspense, ou até mesmo um drama ocorrido no século 19. Não, essa história não é ficcional, nem muito menos aconteceu num país que não respeita a liberdade dos seus cidadãos. Isso aconteceu nos Estados Unidos da América. Quando? Não, não foi no século 19, foi este ano, em pleno século 21. Achou absurdo? Acha que as autoridades americanas enlouqueceram? Como uma mulher pode ser vítima de agressões verbais racistas e sexistas, seguidas de agressão física, e ser considerada culpada por matar em auto defesa? E que idéia é essa de enviar uma mulher para uma prisão masculina? Será que não passou pela cabeça das autoridades que ela corre risco de vida em uma prisão masculina?

Toda essa história ocorreu com uma mulher chamada CeCe McDonald. CeCe, na nossa sociedade, não é vista como uma mulher. E porque não é vista? Simples: CeCe nasceu com um pênis, e na nossa sociedade pessoas que nascem com pênis são automaticamente classificadas como homens. Os genitais são considerados determinantes do gênero da pessoa. Ou seja, CeCe é uma mulher transexual. Isso por si só já bastaria para expô-la a todo tipo de preconceito de gênero, e transfobia. Não apenas isso, CeCe é uma mulher transexual e negra, o que também a expõe a racismo.

Será que CeCe, por ter nascido com um pênis, não pode ser uma mulher? Quem dita as regras? Quem disse que pessoas com vaginas são mulheres e pessoas com pênis são homens? Por que são outras pessoas que escolhem por nós a que gênero pertencemos, e não nós mesmos?


CeCe MacDonald. Clique na imagem para ler uma entrevista em inglês do site Pretty Queer com CeCe.

Ainda: mulheres com pênis não podem ter sua pauta de obtenção de diretos incluídos na luta feminista? Quem define isto?

Mulheres com pênis na nossa sociedade são tratadas como doentes mentais. Doentes porque ao nascer não aceitaram o rótulo de gênero que lhes foi imposto. Quem determina que pessoas que não se identificaram com o rótulo de gênero que receberam ao nascer são doentes mentais? As pessoas que aceitaram o rótulo de gênero que receberam no nascimento? Por que essas pessoas deveriam ter o poder de fazer essa definição, e de interferir na vida das pessoas transexuais desta forma? Porque essas pessoas têm o poder de classificar mulheres com pênis como pessoas anormais, e de negar a elas o reconhecimento de sua identidade de gênero?

E você, que é feminista? Acha que estas mulheres são anormais? Acha que estas mulheres devem ter os mesmos direitos que você tem? Acha que você, uma mulher que nasceu com vagina, é mais mulher que uma mulher com pênis? Acha que mulheres com pênis que sofrem injustiças devem ter apoio de ativistas que lutem por seus direitos? Se sim, o que você está fazendo?

CeCe McDonald é uma mulher, negra, e transexual, que desde sempre tem sofrido preconceitos raciais, como tantas outras pessoas negras, e desde sempre tem sofrido preconceitos de gênero, como tantas outras pessoas transexuais. Ao sofrer agressões verbais e físicas e reagir em auto defesa, viu o Estado, que deveria estar a favor dela enquanto cidadã, corroborar os preconceitos sociais, raciais e sexuais ao condená-la – por ter sobrevivido – a quatro anos de assédio sexual numa prisão masculina, não só por parte de presidiários, como também de funcionários, pois um Estado que pune uma vítima para inocentar o homem branco, hétero e cissexual de seu racismo e preconceito, certamente vai fechar os olhos para abusos cometidos pelos funcionários dos presídios.

Você, mulher feminista, que nasceu com uma vagina, acha que essa história não tem nada a ver com você? Que as demandas das mulheres transexuais não podem fazer parte das pautas do seu feminismo? Que as mulheres transexuais não merecem que você lute por elas? Até quando vai fechar os olhos para as mulheres cujo corpo não é o mesmo que o seu?

Nota: No site http://supportcece.wordpress.com, é possível acompanhar notícias sobre CeCe e o blog pessoal dela, e também obter informações sobre como ajudar financeiramente, enviar cartas, mensagens de apoio, livros e revistas para ela.  Leia também o post sobre o  caso de CeCe no site http://transfeminismo.com/, que possui  mais referências em idioma estrangeiro sobre o tema.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Comidinhas Naturebas: Guacamole (Receita Vegana)

Imagem fofa retirada do Google
Guacamole pode parecer tão óbvio, que eu nunca havia pensado em postar. Mas pensei bem e percebi que mesmo eu, uma precoce curiosa culinarística, só descobri o guacamole já com uns 20 anos. Trocando em miúdos: tá todo mundo perdoado. ;)

O guacamole é uma salada cremosa feita com base de abacate. Sim, é salgada. O estranhamento é devido à cultura brasileira de se consumir o fruto com açúcar. Mas abacate nunca precisou de açúcar para se gostoso. É maravilhoso de qualquer jeito, rico em gorduras do bem, vitamina E e ácidos graxos importantíssimos para a saúde, cuida de cabelos, pele e unhas, de dentro pra fora, de fora pra dentro.

O abacateiro é espécie exótica em nosso país, mas os estudiosos não se preocupam muito com possíveis invasões em ambientes naturais: os caroços costumas ficar sob a árvore mãe e raramente são carregados para longe. Também, com um peso daqueles!

Abacate tem um monte de tipos. Meus preferidos são o abacate manteiga e o avocado, primo chique do abacate, mais doce e denso, de gordura muito fina. Mas sem preconceitos, como todos e acho é bom.

Comida típica mexicana, o guacamole abriu espaço em outros países com a globalização e no Brasil faz a cabeça de muita gente esperta.

Minha receita não leva pimenta, já que sou um pouco sensível. Mas uma boa dedo-de-moça faz feliz quem pode, picadinha e misturada lá.

Minha receita:

1 abacate maduro, mas firme, amassado com o garfo
1 cebola média, picadinha
1 tomate maduro, mas firme, picado miúdo
1 pimentão de qualquer cor, em cubinhos
suco de 1 limão
3 colheres de azeite de oliva extra-virgem
sal a gosto
cheiro verde a gosto (para quem gosta, coentro combina muito bem)

Misturar tudo e pronto. Serve-se com saladas de folhas, pão, tortilhas e fica muito bom com os Doritos naturebas.


sábado, 18 de agosto de 2012

Comidinhas Naturebas: Tortéis de moranga ao sugo e de ricota com nozes ao pesto de rúcula (Receita Vegetariana)

Mais uma vez no furor culinário mode on. Robin disse: Batman, porque não usamos as deliciosas massas frescas de Quiririm para fazer tortéis? 

Maravilha. Moramos perto de uma colônia italiana, de onde saem massas frescas de primeira. Daí que os recheios para os tortéis pululavam nas nossas cabeças. O de moranga, meu amigo Gilberto Bolson, que aprendeu com a vó gaúcha, fez o favor de me ensinar. Claro que os dele são muito melhores, sabem como é, está no sangue. 

As massas para lasanha e caneloni, de Quiririm, são deliciosamente frescas e foram utilizadas aqui para substituir a massa caseira de tortéi. Garanto, fica excelente.

As receitas:

Recheio de moranga

três gomos grossos de abóbora japonesa
1 xíc de parmesão não muito duro ralado fino
1 pitada de noz moscada
1 pitada de sal
1 colher de chá de canela em
5 colheres de soa de azeite d eoliva extra-virgem

Cozinhar a abóbora no vapor (fica mais sequinha que na água). Amassar com um garfo e misturar os outros ingredientes. Esse recheio é o mais tradicional para tortéi e é meu preferido. Na minha opinião combina muito com molho ao sugo, feito em casa, de preferência com tomates orgânicos bem maduros e cozidos longa e lentamente. Um pouco de pimenta rosa (frutinhos da planta Schinus terebinhtifolius) dá um chame no acabamento e combina perfeitamente. Coloque uma colherada dentro de uma folha de massa fresca e aperte as beiradas com um garfo. Coloque no forno com o molho durante cerca de 15 minutos (a massa que utilizei é pré-cozida).

Recheio de ricota com nozes

200g de ricota fresca (usei congelada, não é a melhor mas dá certo também)
50 gramas de nozes quebradas bem miúdo
2 dentinhos pequenos de alho picados miudo
5 colheres de azeite de oliva extra-virgem
sal a gosto

Amassar tudo com o garfo e misturar. Rechear cada folha de massa fresca com uma boa colherada. Levar ao forno com o molho de sua preferências por cerca de 15 minutos (se a massa for pré-cozida). Achei que esse recheio combinaria muito bem com pesto de rúcula, receita aqui. Ficou muito bom, mas confesso que o sabor fica um pouco forte, pode não agradar a paladares mais sensíveis. ;)

Um frisante brut ou um prosecco fazem uma festa de acompanhamento.

Bom apetite!
 

Furor Culinário e a panela a vapor


Cozinhando abóboras jaonesas em baixo e descongelando ricota em cima.
Quem me conhece sabe que tenho um ou outro furor culinário, de tempo em tempo. E como tod@ amante da boa gastronomia caseira, vivo procurando novidades. Eis que inventei de comprar uma panela a vapor, dessas baratas, elétricas e que facilite certas manobras na cozinha. Fiquei encucada no começo, quando vi a figura: de plástico, cara de made in china (e é, claro). Mas funciona perfeitamente! Cozinha legumes, frutas e peixes, esquenta arroz integral, descongela rapidinho o que se precisa em cima da hora. Deve ter uma série de outras utilidades, que pretendo ir descobrindo, aos poucos. 

Coisas da vida moderna. Quem dera ter tempo e espaço para o slow food de cada dia. Enquanto não é assim, "a gente vai levando essa manha." ;)