terça-feira, 15 de novembro de 2011

A pipoca nossa de cada dia

E, num dia ensolarado, quente mesmo, algum ancestral índio, talvez no Peru ou nos Estados Unidos, labutava sob o sol e, de repente, daquela espiga dura e avermelhada, poc! pula um algodãozinho crocante. A responsável pela mágica poderia ser uma pedra lascada de superfície muito refletora que direcionou raios de sol bem praquele milhozinho lá. A umidade dentro daquela semente se transformou em vapor d'água com todo aquele calor, a pressão interna aumentou e rompeu a casquinha fina. A pipoca inventou-se a si mesma!

Inventei essa historinha, claro, com o máximo de imaginatividade que minha persoalidade mental permitiu. De qualquer forma, gosto de pensar na pipoca assim.

Penso na pipoca há tempo, desde que percebi que existe uma tendência geral em desmoralizá-la, assim como outros tantos alimentos tradicionais. Outro dia fui comprar um saquinho de pipoca na praça central da cidade. Cidade pequena, ainda cheia de pipoqueiros espalhandos pelos meio-fios. Ao provar, senti instantaneamente gosto de glutamato monossódico. Perguntei ao pipoqueiro porque colocava e ele afirmou que 'o povo prefere assim'. Perguntei se poderia trocar por um saquinho sem o tal Ajisal, não, ele coloca já na panela, na hora de estourar. Pena. Devolvi e fui embora frustrada.

Aí que me deu uma vontade de pesquisar e andei pela cidade perguntando o que os pipoqueiros tem colocado na pipoca, aquela coisinha mágica perfeita, saborosa e cheirosa. A grande maioria respondeu que coloca Ajisal. Pior: a maioria mantém um saleiro onde se misturam, meio a meio, sal e glutamato. 

Pensei nas 'pipocarias' dos grandes cinemas, com seus baldes enorrrrrmes de pipoca encharcada por uma coisa estranha, aromatizada artificialmente, a que chamam manteiga. Em geral os baldões custam mais caro que o próprio ingresso para assistir ao filme. É a perversão da idéia principal. 

Faço em casa, então. Aliás, assisto a filmes em casa que é o melhor que tá tendo. Mas quando bate aquele cheirinho de pipoca no fim da trade, na praça cheia de gente andante... que dá uma tristeza, dá...

P.s.: nenhuma referência sobre transgenia, pipoca de microondas e outras peripécias da indústria. É proposital.

2 comentários:

  1. Oi Kenia!! Que tristeza!!!

    A pipoca na frente de minha faculdade tem uns pedaços crocantes de queijo salgadíssimos... Nunca perguntei sobre a adição de Ajinomoto, mas vou fazer isso hoje.

    Amooo pipoca e sou a maior adepta dos panelões feitos em casa. A febre das pipocas de microondas é tão grande que é impossível encontrar uma pipoqueira INOX. Como não uso panela de aluminínio, estouro meus milhos em um panelão convencional mesmo, mas confesso que adorava girar a pipoqueira na infância...

    Quanto aos filmes, tenho em casa um projetor na cabeceira da cama e uma parede branca em frente à cama. Projeto os filmes no quarto e assisto no maior conforto da vida. Dificilmente vou ao cinema. Como falou, brincadeirinha de 50 reais (2 entradas + pipoca + estacionamento do shopping). Pego filmes maravilhosos numa locadora pertode casa por 5 reais, muito melhor!!


    Ô praga esse ajinomoto!! Grata pela alerta!!

    Bjs

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    1. Pode acreditar que deve ter o tal do glutamato, sim. O treco me faz um mal 'terrívi'. Eu tb não uso alumínio e sofro pra achar algumas coisas. Pipoqueira, panela de pressão, cuscuzeira... tudo de alumínio. Difícil de achar de outro material. Meu sonho é uma cuscuzeia daquela véia, de barro...

      Nossa, idéia supimpa a do projetor! Tudo a ver! Fiquei a fim demais... eu tenho tanto filme em casa e sou tão viciada que assisto todos milhares de vezes hehehehe.

      Bjs!

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