segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Receitinhas Naturebas - Lassi! (Receita Lactovegetariana)

Minha bebida favorita nesse calorão tem sido o Lassi, essa delícia indiana que alimenta, refresca, ajuda na digestão e é muito probiótica.

O Lassi tem sempre como base o iogurte natural, sendo que pode-se variar bastante nas combinações.Postarei duas receitas que curto muito, por motivos diferentes, além de uma outra que foi a primeira que aprendi, com minha querida Adriana Medina.







Lassi de Manga

Esse eu amo porque não precisa colocar açúcar nem mel, é docinho por natureza! E cremoso, alimenta bem!

Uma manga média, meio copo de iogurte natural, um copo de água gelada, 5 pedras de gelo, duas favinhas de cardamomo e umas raspas de canela. Bata tudo muito bem no liquidificador e glupt!






Lassi de Limão com Hortelã

Esse eu adoro porque é super refrescante e muito, muito saboroso mesmo!

Meio copo de iogurte natural, um copo de água gelada, 5 pedras de gelo,suco de um limão grande, folhas de um raminho de hortelã, uma lasquinha da casca do limão, uma colher de açúcar mascavo (ou de mel), duas favinhas de cardamomo e uma pitada de noz moscada. Bata tudo no liquidificador novamente e está pronto! 




Lassi de Água de Rosas

Esse foi o primeiro lassi que tomei e que aprendi a fazer. Não é meu preferido do coração, mas é gostoso também e muito simples. 

Para as mesmas medidas acima de iogurte natural, água e gelo, coloque uma colher de sopa de água de rosas e uma colher de açúcar mascavo ou mel. Só bater e tomar. Creio que ficará muito bom também se substituirmos a água por suco de laranja.








Outras receitas deliciosas são feitas com goiaba, damasco seco, ameixa seca, morango, uva, pêssego... é ir fazendo e provando... as especiarias em geral dão um sabor muito interessante a essa bebidas, combinam e ajudam na digestão do leite (que já estará mais fácil de digerir se o iogurte estiver bem fermentado).


Refrigerante e suco de caixa pra quê, minha gente? :-)









terça-feira, 15 de novembro de 2011

A pipoca nossa de cada dia

E, num dia ensolarado, quente mesmo, algum ancestral índio, talvez no Peru ou nos Estados Unidos, labutava sob o sol e, de repente, daquela espiga dura e avermelhada, poc! pula um algodãozinho crocante. A responsável pela mágica poderia ser uma pedra lascada de superfície muito refletora que direcionou raios de sol bem praquele milhozinho lá. A umidade dentro daquela semente se transformou em vapor d'água com todo aquele calor, a pressão interna aumentou e rompeu a casquinha fina. A pipoca inventou-se a si mesma!

Inventei essa historinha, claro, com o máximo de imaginatividade que minha persoalidade mental permitiu. De qualquer forma, gosto de pensar na pipoca assim.

Penso na pipoca há tempo, desde que percebi que existe uma tendência geral em desmoralizá-la, assim como outros tantos alimentos tradicionais. Outro dia fui comprar um saquinho de pipoca na praça central da cidade. Cidade pequena, ainda cheia de pipoqueiros espalhandos pelos meio-fios. Ao provar, senti instantaneamente gosto de glutamato monossódico. Perguntei ao pipoqueiro porque colocava e ele afirmou que 'o povo prefere assim'. Perguntei se poderia trocar por um saquinho sem o tal Ajisal, não, ele coloca já na panela, na hora de estourar. Pena. Devolvi e fui embora frustrada.

Aí que me deu uma vontade de pesquisar e andei pela cidade perguntando o que os pipoqueiros tem colocado na pipoca, aquela coisinha mágica perfeita, saborosa e cheirosa. A grande maioria respondeu que coloca Ajisal. Pior: a maioria mantém um saleiro onde se misturam, meio a meio, sal e glutamato. 

Pensei nas 'pipocarias' dos grandes cinemas, com seus baldes enorrrrrmes de pipoca encharcada por uma coisa estranha, aromatizada artificialmente, a que chamam manteiga. Em geral os baldões custam mais caro que o próprio ingresso para assistir ao filme. É a perversão da idéia principal. 

Faço em casa, então. Aliás, assisto a filmes em casa que é o melhor que tá tendo. Mas quando bate aquele cheirinho de pipoca no fim da trade, na praça cheia de gente andante... que dá uma tristeza, dá...

P.s.: nenhuma referência sobre transgenia, pipoca de microondas e outras peripécias da indústria. É proposital.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Receitinhas naturebas! Homus Tahine de feijão branco (Receita Vegana)


Aproveitando nossos últimos tempos de feijão não-transgênico... creio que vai ser mais difícil, muito em breve, encontrar feijões que se prestem a comidinhas naturebas de verdade. :-(

Atendendo a pedidos, abri espaço no tempo (hehehe) para postar minha receita de Homus Tahine com feijão branco. Acho bem mais leve que o Homus tradicional, feito com grão-de-bico. Na verdade nem curto tanto o tal do grão, o gosto é um pouco forte para meu paladar e geralmente só belisco os pratos por onde ele anda. Já o feijão branco é dos meus preferidos, então...

Bem, em primeiro lugar: feijão a gente tem que saber fazer, não é só ir jogando na panela, não senhor.

Primeiro pelo menos uma noite inteira de molho – costumo deixar 12, 18, 24 horas, na verdade. E troco a água pelo menos uma vez durante esse processo, quando aparecem espuminhas.

Depois: ferver o feijão e dispensar a água da primeira fervura. Em geral, junto com essa água vai embora uma densa espuma branca (fermentação maléfica – ia fermentar dentro de você...). Lavo bem o feijão e volto pra panela com água limpa. Se continuar juntando espuma, jogo fora a segunda água de fervura também.

Próximo passo: cozinhar em panela grossa, semi-tampada. Uso, em geral, panela de aço inox de fundo triplo, por não ter uma panela grande de pedra ou de barro. Fogo baixinho e cozinha por mais de uma hora.
Essa receita fiz com cerca de meio quilo de feijão.
Maravilha, feijão cozido! Depois de frio, amasse bem com o garfo em uma tigela e vá fazendo alquimia: uma colher de tahine (pasta de gergelim), uma colherinha de sal, umas 3 de azeite de oliva extra-virgem, um punhado de cebolinha e salsa picadinhas, suco de um limão. Misture tudo muito bem. Bata um pouco com o garfo.

Delícia para comer com pão, com cenoura e pepino, fazendo sanduíche ou do jeito que preferir!


P.S. Esse post foi feito em homenagem a minha querida Jéssica, que me alegra os dias. :-)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O Polêmico Feijão Transgênico

Quem quiser ouvir uma excelente matéria sobre a liberação do Feijão Transgênico da Embrapa, por André Trigueiro, pode visitar o site da CBN e clicar no áudio, que está com a data de sábado, 29/09/2011.

Se preferir, ouça aqui mesmo, nesse player aí em baixo.

Discussões no próximo post!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ambiente Sustentável: A discussão do Código Florestal e a criação da Bolsa Verde

A discussão sobre o Novo Código Florestal continua acontecendo no Senado. Enquanto isso, a Câmara começa a discutir esta semana a medida provisória (MP) que autoriza o pagamento de uma bolsa a famílias em situação de extrema pobreza que desenvolverem atividades de preservação do meio ambiente na área rural.
O que causa maior reflexão, na minha opinião, é a seguinte questão: como pessoas em situação de extrema pobreza podem desenvolver atividades de preservação do meio ambiente? Essas pessoas possuem acesso a informações importantes para a preservação e manutenção saudável do seu ambiente?

Juristas esquentam debate sobre o Código Florestal
Nathália Clark
13 de Setembro de 2011

“Busquem uma definição para ‘utilidade pública’. Não exercitem a delegação de poderes de forma indireta através do uso de expressões ambíguas, porque, quando o legislador, para conseguir formar a vontade majoritária, usa da ambiguidade, está transferindo um poder legislativo a quem não tem poder para tal, que é o Poder Judiciário, o que cria uma imensa confusão. Resolvam aqui as questões que devem trazer unidade nacional a esse país”, alertou o ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, que, na audiência desta terça-feira (13), no Senado Federal, atacou alguns pontos do projeto do Código Florestal, principalmente a proposta do senador Luiz Henrique (PMDB-SC) de delegar mais poder legislativo aos governos estaduais.

Jobim era um dos juristas presentes e foi quase unânime a posição entre o grupo que participou do encontro de que o Projeto de Lei que reforma a legislação ambiental brasileira e também o relatório de Luiz Henrique levam a mais desmatamentos. No debate, promovido pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ), de Meio Ambiente (CMA), de Ciência e Tecnologia (CCT) e de Agricultura (CRA), Nelson Jobim, também ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), frisou que dar mais poder aos estados pode causar uma “concorrência predatória” e prejuízos ao meio ambiente.

Segundo ele, deve-se buscar unidade nacional para evitar os conflitos interestaduais e competências concorrentes. “Os estados devem legislar de forma suplementar e não devem comprometer as normas gerais. Há que se considerar os fatos e realidades específicas, mas a conseqüência de atribuirmos essa responsabilidade aos estados é a inconsistência nacional. Os senhores devem produzir algo que tenha compromisso com o futuro do país, pois o resultado do que os senhores fazem é o país quem paga”, afirmou.

Jobim considera que, se for deixado aos governos estaduais o poder de fixar as dimensões mínimas para Áreas de Preservação Permanente (APP), por exemplo, haverá o risco de conflitos e disputas econômicas. Ele lembrou também a responsabilidade dos parlamentares e disse que, ao deixar complementações a serem feitas por quem deve aplicar e executar as leis, os legisladores "fogem da obrigação de legislar".

O professor da Universidade de Limoges (França), Paulo Affonso Leme Machado, foi contra a anistia e a exploração de APPs. “Quem destrói floresta de preservação permanente é um produtor de seca e de desertificação. As florestas são protegidas, pois, por sua vez, são protetoras dos recursos das águas e do solo, fundamentais à vida e à produção. Além do mais, o PL do Código introduz um conceito sublimado de anistia, sem utilizar esse termo”, disse ele.

Antonio Herman Benjamin, Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), concordou nesse aspecto. Segundo ele, é preciso deixar claro no texto legal que o que está escrito não se trata de dispensa ou “perdão”. “Chamemos a anistia que está colocada ali de compromisso de adequação à realidade da lei. Dessa forma, o texto pode ser aperfeiçoado”.

Benjamin lembrou ainda o caso específico do Pantanal, que “foi colocado na vala comum” e precisa de uma lei própria. “Do jeito que está hoje, desaparece a proteção do Pantanal brasileiro, que é uma enorme planície inundável. Quando mudamos o critério do calculo da APP para a calha regular, todo aquele ecossistema deixa de ser de preservação permanente. Estamos admitindo, assim, a possibilidade de utilização de todo o Pantanal”, ressaltou.

Modelo conflituoso de produção


Já Mário José Gisi, subprocurador-geral da República do Ministério Público Federal (MPF), defendeu a necessidade de revisão do modelo produtivo brasileiro. “A segunda causa de poluição das águas é o uso de agrotóxicos, e nós somos um dos maiores consumidores do planeta. Precisamos estimular outro modelo de produção”, disse.

Em sua fala, Kátia Abreu (DEM-TO) levantou dados que, segundo ela, são do IBGE, de que 61% das áreas do país são destinadas à conservação e apenas 27% à produção. Quanto a isto, Gisi rebateu: “Quando aponta esses dados, a senhora ignora solenemente a grande parcela da população que produz, mas não está inserida no modelo de produção do agronegócio, dos agrotóxicos, que é insustentável”.

Exaltada, a senadora infringiu as regras regimentais da Casa, interrompeu o presidente da mesa, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), e afirmou que “não estamos aqui discutindo modelos de produção. Não se pode insultar assim a agricultura que abastece o mundo de alimentos”.


Governo discute a criação da Bolsa Verde

A Câmara começa a discutir esta semana a medida provisória (MP) que autoriza o pagamento de uma bolsa a famílias em situação de extrema pobreza que desenvolverem atividades de preservação do meio ambiente na área rural. A MP 535/11 cria o Programa de Apoio à Conservação Ambiental e o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais e faz parte do Plano Brasil sem Miséria.

Pela proposta, as famílias receberão a chamada Bolsa Verde, no valor de R$ 300, pagos trimestralmente por um período de até dois anos, podendo ser prorrogado.

Para ter acesso ao benefício, as famílias deverão estar em situação de plena pobreza, inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal e desenvolver atividades de conservação em áreas de florestas nacionais, reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável, assentamentos florestais ou agroextrativistas criadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou em áreas consideradas prioritárias pelo Executivo, que definirá também o conceito de extrema pobreza.

A medida provisória também concede benefícios a agricultores familiares, pescadores e silvicultores. As famílias beneficiadas poderão receber até R$ 2,4 mil, em três parcelas, durante dois anos. A ideia é estimular a geração de trabalho e renda e a estruturação produtiva desses grupos.

Fonte: Revista Globo Rural On-line

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Água fluoretada faz bem pra quem?

O texto abaixo é lúcido e bem escrito, vale a leitura! 

Água fluoretada, uma herança nazista

                                                                Cláudia Rodrigues, jornalista, terapeuta reichiana.

Em setembro de 2003, e lá se vão oito anos, uma petição internacional assinada por mais de 300 cientistas, químicos, técnicos e ambientalistas de 37 países, pediu a revisão, esclarecimento e discussão sobre os benefícios e malefícios da adição à água encanada do flúor, íon utilizado como preventivo de cáries. Atendendo à petição, foram apresentados vários estudos comprovando os riscos para a saúde geral do corpo, especialmente dos ossos, devido à ingestão desse potente agente químico que quando ultrapassa apenas 1 ppm já causa problema até nos dentes. De lá para cá, muitas pesquisas vêm atestando ligações
entre ingestão de flúor e doenças da modernidade.

Autistas, por exemplo, não devem beber água fluoretada. Embora não haja confirmação de associação direta
entre o flúor e a disfunção, sabe-se que ele potencializa os sintomas do autismo.

O problema da adição de uma droga, venenosa ou não, na água de todas as pessoas, é uma questão delicada. Até que ponto as autoridades têm o direito de institucionalizar um tratamento medicamentoso na água para todos os cidadãos de todas as idades?

Sabendo-se da ligação entre tal produto e desencadeamento de patologias, como e por quais razões se mantêm a mesma diretriz? A retirada, diante das evidências, bate na trave econômica e política. Subproduto da indústria do alumínio, o íon, que mata um corpo adulto com apenas 5 gramas, não pode ser simplesmente jogado na natureza. A confiança inicial de que em doses ínfimas espalhadas pelas águas e alimentos no mundo, só faria bem aos dentes, evitando cáries, fez com as políticas se consolidassem nesse gigantesco contrato comercial mundial, agora difícil de ser desfeito, especialmente em países em desenvolvimento que têm de um lado a população ignorante que aceita as decisões públicas e privadas sem questionamentos e de outro os concentradores de renda, que defendem o status quo a qualquer preço.

Alguns países, já a partir de 2003, outros antes, retiraram o flúor da água e passaram a adicioná-lo ao sal de cozinha, já que se consome menos sal do que água, o que reduziria o risco de ingestão excessiva do íon, cumulativo no corpo humano. Diante das evidências e para reparar a visão equivocada, baseada em pesquisas que só levavam em conta a prevenção de cáries, muitos países simplesmente não utilizam mais o uso sistêmico do flúor como preventivo de cáries; apostam na educação alimentar, higiene e no uso tópico, diretamente aplicado nos dentes.

No Canadá, Áustria, Finlândia, Bélgica, Noruega, França e Cuba, alguns dos países que pararam de fluoretar suas águas, os índices de cáries continuaram caindo. Estudos sobre a ingestão do flúor, que a partir da década de 1970 também foi adicionado a alimentos, leites em pós e a alguns medicamentos, apontam malefícios graves e cumulativos para a saúde em geral. Os danos começam pela fluorose, que pode ser leve, causando manchas esbranquiçadas nos dentes ou grave, quando a dentição permanente fica com manchas marrons ou chega a ser perdida, esfacelando os dentes. Para que isso ocorra basta que crianças de zero a seis anos sejam expostas à ingestão diária do íon. O resultado visível só aparece nos dentes permanentes, já a ingestão de flúor na gravidez compromete a primeira dentição da criança.

O flúor no corpo- Quando ingerido o flúor é rapidamente absorvido pela mucosa do estômago e do intestino delgado. Sabe-se que 50% dele é eliminado pelos rins e que a outra metade aloja-se junto ao cálcio dos tecidos conjuntivos. Dentes e ossos, ao longo do tempo, passam a ficar deformados, surgem doenças e rachaduras.

A hipermineralização dos tecidos conectivos dos ossos, da pele e da parede das artérias é afetada, os tecidos
perdem a flexibilidade, se tornam rígidos e quebradiços. Para que tudo isso ocorra, segundo estudo de 1977 da National Academy of Sciences, dos EUA, o corpo humano precisaria absorver durante 40 anos apenas 2mg de flúor por dia. Parece difícil ingerir tanto, mas a fluorose já é um fato, uma doença moderna comprovada.

Diversos estudos químicos atestam que o flúor é tão tóxico como o chumbo e, como este, cumulativo. Quanto mais velhos mais aumentamos a concentração de flúor nos nossos ossos, o que traz maiores riscos de rachaduras e doenças como a osteoporose (veja o primeiro link). A versão natural do flúor, encontrada na natureza, inclusive em águas minerais, peixes, chás e vegetais tem absorção de 25% pelo corpo humano, mas a fluoretação artificial é quase que totalmente absorvida. A maior parte se deposita nas partes sólidas do organismo, os ossos, e parte pequena vai para os dentes. Acredita-se que o fluoreto natural tenha algum papel importante para a saúde humana, mas isso ainda não foi completamente comprovado.

No Brasil a adição de flúor à água começou em 1953 em Baixo Guandu, ES, virou lei federal
(6.050/74) e a campanha da fluoretação das águas, abraçada pela odontologia em parceria com sucessivos governos desde a década de 1960, continua em alta e tem como meta atingir 100% da água brasileira encanada. Águas potáveis também recebem flúor e algumas águas minerais possuem mais flúor em sua composição do que é recomendado para evitar a fluorose, que é algo situado entre 0,5 ppm e 1ppm, dependendo da temperatura ambiente, já que no verão ou em locais mais quentes se consome mais água.
 
Os odontologistas que ainda defendem a adição do flúor na água potável e encanada afirmam ser a fluorose, que atingiu adolescentes nas últimas gerações com manchas brancas, um problema menor diante das evidências de redução das cáries, comprovadas por várias teses, elaboradas nos anos 1960 e 1970.

Segundo eles esse método é o mais eficaz para reduzir índices de cárie que variam entre 20% e 60%. Da década de 1960 para cá, além da fluoretação das águas brasileiras, a população teve acesso maior às escovas de dentes, que tornaram-se mais baratas e populares. Na Suécia, por exemplo, onde não há fluoretação das águas, a cárie foi erradicada por meio da educação da população.

O flúor nos dentes- A redução de cáries por acesso ao flúor ocorre em decorrência de uma
regulação do ph bucal, que teria maior constância via corrente sangüínea a partir da ingestão dessa substância. Após escovarmos os dentes com creme dental fluoretado, mantemos o ph ideal por cerca de duas horas. Apesar da campanha pró-ingestão de flúor, nenhum dentista defende a água fluoretada sem a dobradinha boa higiene e boa alimentação. Não há ph administrado pelo flúor que regule os detritos retidos entre os dentes; esses detritos desregulam o ph local, tornando-o mais ácido, o que favorece o surgimento de cáries e outras doenças periodontais. O açúcar torna o ph do sangue muito ácido e ao lado dele o outro grande vilão é o carboidrato, daí os odontologistas condenarem o abuso de doces, biscoitos e pães entre as refeições, especialmente os feitos com farinhas refinadas. Segundo Pedro Cordeiro, odontologista em Florianópolis, uma boa alimentação e uma escovação bem feita três vezes ao dia são métodos extremamente eficazes para a prevenção de cáries. “Recomendo aos pais que não usem creme dental fluoretado em crianças até cinco anos, pois é possível que engulam o creme acidentalmente ou voluntariamente, o que acarretaria a fluorose.” Uso de fio dental, escovação com água e uma boa alimentação são suficientes para evitar o surgimento de cáries em qualquer idade, garante o dentista.

Medidas seguras- Na água potável encanada são recomendados no máximo 0,6 ppm de flúor, o que causa em crianças menores de sete anos uma fluorose mínima ao nascerem os dentes permanentes. “Acima de 1,5 ppm de flúor na água bebida por crianças menores de sete anos a fluorose é mais agressiva e pode causar má aparência nos dentes permanentes, mas existe tratamento para essa fluorose nos consultórios dentários”, garante o professor Jaime Cury, da Unicamp, defensor da adição de flúor à água.

Em Cocalzinho, cidade de Santa Catarina, o flúor contido numa água natural, (1000 ppm) causou sérios danos aos dentes das crianças da região, com perdas parciais e totais dos dentes permanentes. Profissionais de várias partes do Brasil interessaram-
se pelo caso, que foi documentado no final da década de 1980. Em 2004 a água mineral Charrua, do RS, apresentava 4ppm de flúor, o que pode resultar em fluorose avançada.

O flúor está presente nos cremes dentais desde 1989, inclusive nos infantis, sendo hoje difícil encontrar no mercado convencional um creme dental para uso diário sem o íon. Normalmente os cremes dentais recebem de 1000 ppm a 1800 ppm de flúor. Não há pesquisa que ateste que o flúor aplicado, sem ingestão, cause qualquer mal, mas segundo vários estudos em odontopediatria os problemas de fluorose verificados em todo o Brasil nos últimos anos estão relacionados ao uso de creme dental porque crianças pequenas, além de serem extremamente vulneráveis à ingestão do flúor, engolem acidentalmente ou voluntariamente o creme dental. Uma das razões da ingestão voluntária, em crianças maiores de 3 anos, se deve ao sabor doce dos géis dentais infantis. A fluorose aparente nos dentes de crianças e adolescentes é uma realidade no Brasil.

Flúor e o nazismo
As primeiras pesquisas com ingestão de flúor em humanos foram feitas em campos de concentração nazistas com o intuito de acalmar os prisioneiros, que ingeriam o íon a partir da água com até 1500 ppm de flúor. O resultado gerava uma espécie de apatetamento, os prisioneiros cumpriam melhor suas tarefas sem questioná-las. Com o mesmo objetivo o flúor é adicionado a alguns medicamentos psiquiátricos hoje em dia. Mais de 60 tranquilizantes largamente utilizados contêm flúor, como Diazepan, Valium e Rohypnol, da Roche, ligada à antiga I.G.Farben, indústria química que atuou a serviço da Alemanha nazista.

http://www.theforbiddenknowledge.com/hardtruth/fluoridation.htm

Essa ligação histórica desperta brigas ferrenhas entre os adeptos da adição do flúor à água e os que são contra, esses últimos acusados pelos primeiros de fazer terrorismo e estabelecer o caos social em nome da nova ordem mundial, que está aí a questionar as bases que sustentam a economia.

A Associação Brasileira de Odontologia recomenda a adição de flúor à água potável como método preventivo fundamental para o Brasil, país grande, de população pobre e desinformada sobre os hábitos de higiene e de alimentação. Segundo o professor Jaime Cury,que passou mais de 20 anos estudando a prevenção da cárie, o flúor adicionado à água tem uma importância social inquestionável. “Gostaria de ser o primeiro a anunciar que o flúor não precisa mais ser adicionado à água, mas o povo brasileiro, a maior parte da população, a que é pobre e desinformada, não escova os dentes corretamente, não pode cuidar da alimentação e é beneficiada pela adição de flúor na água.” Para ele, “a fluorose leve que não causa mal-estar social, nem deveria ser considerada um problema ou doença porque as crianças com fluorose leve, manchinhas brancas, têm dentes mais fortes.”

Questões políticas
A ciência odontológica vê a fluorose média ou grave como problema principal em conseqüência da adição de flúor à água, mas médicos, químicos e toxicologistas afirmam que a fluorose é apenas o começo de um problema espalhado por todos os ossos do corpo, sobrecarregando a glândula pineal e acarretando outras conseqüências na saúde devido a alteração do funcionamento bioquímico. Eles alertam que as doenças podem demorar anos para surgir, pois o flúor é cumulativo. Nunca houve uma denúncia formal ligando o flúor à indústria de alumínio; as pesquisas feitas por químicos e neurologistas focam exclusivamente os danos do íon à saúde humana.
Polêmica à parte, algo não está sendo levado em conta: é praticamente impossível encontrar água que não tenha sofrido adição de flúor. Por uma convenção entre sucessivos governos, a ciência odontológica e a indústria de alumínio, o brasileiro perdeu o direito de beber água sem o aditivo.

Cláudia Rodrigues, jornalista, terapeuta reichiana, autora de Bebês de Mamães mais que Perfeitas, 2008. Centauro Editora. 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O engodo das datas comemorativas

Hoje, 28 de julho é dia do produtor rural. Cômico, se não fosse trágico. Com tanto desrespeito pelo verdadeiro produtor, o massacre dos agrotóxicos, dos transgênicos, das 'terminator' das multinacionais, da produção em massa, da política pública nó cego desse país...

E a frase brinde que recebo logo de manhã: 'Se você já comeu hoje, agradeça a um produtor rural'... ahã. Sem mais comentários.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Para saber mais sobre sustentabilidade

Recebi por email e posto porque conheço vários dos títulos, são mesmo imprescindíveis!
Pelo que entendi, são as 50 obras mais importantes sobre sustentabilidade de acordo com a Universidade de Cambridge. Vale ir adquirindo.

(1) O Banqueiro dos Pobres, Muhammad Yunus (1999)

(2) Biomimetismo, Janine Benyus (2003)

(3) Blueprint para uma Economia Verde, David Pearce, Markandya Anil e Edward B. Barbier (1989)

(4) Business as Insólito, Anita Roddick (2005)

(5) Canibais com Garfo e Faca, John Elkington (1999)

(6) Capitalismo: Como se o Mundo Importa, Jonathon Porritt (2005)

(7) O Capitalismo na Encruzilhada, Stuart Hart (2005)

(8) Mudando o Rumo: uma Perspectiva Empresarial Global sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, Stephan Schmidheiny e o WBCSD (1992)

(9) O Ponto do Caos: o Mundo na Encruzilhada, por Ervin Laszlo (2006)

(10) A Corporação Civil: A Nova Economia da Cidadania Empresarial, Simon Zadek (2001)

(11) Colapso, Jared Diamond (2005)

(12) A Corporação, Joel Bakan (2005)

(13) Do Berço ao Berço, William McDonough e Michael Braungart (2002)

(14) O Sonho da Terra, Thomas Berry (1990)

(15) Desenvolvimento como Liberdade, por Amartya Sem (2000)

(16) A Ecologia do Comércio, Paul Hawken (1994)

(17) A Economia das Alterações Climáticas: o Relatório Stern, Nicholas Stern (2007)

(18) O Fim da Pobreza, Jeffrey Sachs (2005)

(19) Fator Quatro: um Relatório para o Clube de Roma, Ernst VonWeizsäcker, Amory B. Lovins e L. Hunter Lovins (1998)

(20) O Falso Amanhecer: os Equívocos do Capitalismo Global, John Gray (2002)

(21) Fast Food Nation, Eric Schlosser (2005)

(22) Um Destino Pior que a Dívida: a Crise Financeira Mundial e os Pobres, Susan George (1990)

(23) Para o Bem Comum: o Redirecionamento da Eeconomia para Comunidade, Meio Ambiente e Futuro Sustentável, Herman Daly e John Cobb (1989)

(24) Riqueza na Base da Pirâmide, CK Prahalad (2004)

(26) Gaia, James Lovelock (1979)

(27) A Globalização e os seus Malefícios, Joseph Stiglitz (2002)

(28) Calor: Como Parar a Queima do Planeta, George Monbiot (2006)

(29) Escala de Desenvolvimento Humano: Concepção, Aplicação e as Novas reflexões, Manfred Max-Neef (1991)

(30) O Espírito Ávido, Charles Handy (1999)

(31) Uma Verdade Inconveniente, Al Gore, 2006

(32) Os Limites do Crescimento, Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jorgen Randers (1972)

(33) Maverick, Ricardo Semler (1993)

(34) O Mistério do Capital: Por que o Capitalismo Triunfa no Oeste e Falha em Toda a Parte, Hernando De Soto (2000)

(35) Capitalismo Natural, Paul Hawken, Amory Lovins e L. Hunter Lovins (2000)

(36) Sem Logo, Naomi Klein (2002)

(37) Sociedade Aberta: Reformar o Capitalismo Global, George Soros (2000)

(38) Manual de Operação para Espaçonave Terra, Buckminster Fuller (1969)

(39) Nosso Futuro Comum, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987)

(40) The Population Bomb, Paul Ehrlich (1968)

(41) Presença, Peter Senge, Otto Scharmer, Joseph Jaworski e Betty Sue Flowers (2005)

(42) A River Runs Black: O Desafio Ambiental para o Futuro da China,

Elizabeth C. Economy (2004)

(43) Sand County Almanac, Aldo Leopold (1949)

(44) Primavera Silenciosa, Rachel Carson (1962)

(45) O Ambientalista Cético, Bjorn Lomborg (2001)

(46) Small is Beautiful, EF Schumacher (1973)

(47) Staying Alive: Mulher, Ecologia e Desenvolvimento, por Vandana Shiva (1989)

(48) The Turning Point, Fritjof Capra (1984)

(49) Unsafe at Any Speed, Ralph Nader (1965)

(50) Quando as Corpora€ ¦ções Regem o Mundo, David Korten, 2001

terça-feira, 19 de julho de 2011

7º Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia - São Paulo

Bienal do Ibirapuera recebe feira orgânica e natural

       A Bienal do Ibirapuera, na cidade de São Paulo, de 21 a 24 de julho, será palco do maior evento profissional do mundo orgânico e natural. A Bio Brazil Fair – 7ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e a Natural Tech – 7ª Feira Internacional de Alimentação Saudável, Produtos Naturais e Saúde irão trazer novidades do setor e disponibilizar, gratuitamente, palestras ao público visitante.

 
      A Bio Brazil Fair é a maior vitrine de negócios do setor orgânico. Fabricantes, produtores, distribuidores e importadores vão expor produtos, como laticínios, frutas e vegetais, cereais e massas, carnes e ovos, refeições congeladas e desidratadas, geléias, doces e sorvetes, bebidas, ração para animais, entre outros, todos orgânicos. Expositores de todas as regiões do Brasil e de países visitantes, como Bolívia, Canadá, Chile, Estados Unidos, França, Inglaterra, Peru, Portugal devem comparecer. A feira sedia, ainda, a 7ª edição do Fórum Brasileiro de Agricultura Orgânica e Sustentável que, neste ano, discutirá o “Brasil Orgânico”.

          Já a Natural Tech vai trazer novidades em produtos naturais para nutrição, beleza e saúde. Esse é a único evento de negócios do setor, e vai apresentar alimentos funcionais, probióticos e integrais, fitoterápicos, suplementos, linhas diet e light, mel e derivados, cosméticos naturais, óleos essenciais e velas e terapias complementares. Nos dias 23 e 24 de julho, a Natural Tech oferecerá um ciclo de palestras dos expositores que abordará assuntos relacionados às práticas saudáveis. Aromaterapia, terapia floral, ginástica cerebral, energia renovável e lecitina em soja estão entre os temas.
Bio Brazil Fair e Natural Tech

Data: de 21 a 24 de jullho

Local: Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo

Mais informações: no site http://www.biobrazilfair.com.br/

Fonte: Portal Apas

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Pessoas Peculiares!

Agradeço sempre, até nos dias nebulosos, pelas oportunidades que tenho de conhecer novos lugares, através do meu trabalho. Hoje conheci, além de um belo lugar em uma cidade que subestimava, pessoas muito especiais. Fotografei as lindas meninas índias que vivem na maior e mais urbanizada cidade desse Vale do Paraíba. Vivem de maneira simples, humilde. O brilho no olhar delas me comoveu profundamente. E eu cri no ser humano mais uma vez.


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Publicaram-me!

Para quem se interessar, um artigo meu foi publicado no Portal Materna, há algumas semanas.

O Portal Materna, de tema maternidade, é direcionado para o público feminino, às gestantes e mães de crianças de 0 a 5 anos de idade. Lá, um monte de informação interessante sobre alimentação, comportamento, sustentabilidade e outros temas importantes para mães e não mães.

O artigo tem linguagem bem acessível e trata de um assunto já falado aqui no Blog: o direito de escolha em relação aos transgênicos e projeto de lei para o fim da rotulagem dos OGMs. Você pode ler o artigo na íntegra, aqui.


sexta-feira, 10 de junho de 2011

E. coli e Gurts - será coincidência?

Muita coisa acontecendo nesse mundão de meu deus, nesse Brasil nosso também. Tanto assunto me deixa assim, paralisada. Foi Belo Monte pra cá e pra lá, Código Florestal, a suspensão dos kits anti-homofobia, metrô de Higienópolis e eu aqui, boquiaberta, sem saber o que postar sobre tudo isso. A verdade é que essa politicagem e desrespeito me chocam ainda.

Mas eis que surgiu um assunto que me chamou a atenção, em particular: a tal estirpe resistente de E. coli na Europa. Quando comecei a ver as chamadas, achei a história mal contada. Alimentos vegetais contaminados por uma cepa muito virulenta da bactéria (uma comensal inofensiva na maior parte do tempo, que vive nos nossos intestinos) e pessoas morrendo de infecção no continente referência em saúde, alimentação e saneamento? No mínimo estranha essa idéia. E começa o bombardeio de informações truncadas, a cada dia um novo dado, mais estranho que o primeiro. Colocaram a culpa no pepino, depois no broto de feijão, orgânicos, diga-se de passagem. Se tem interesse de grandes multinacionais por trás dessa conversa? Vai saber, conspiração é o que não falta nesse mundo. E considerando-se que o continente Europeu é o MAIOR importador de orgânicos do mundo e que houve, há poucos dias (17 de abril) em Bruxelas, na Bélgica, o International Days of Action (Dia de ação internacional para as sementes livres), acho que é para se pensar...

Outro assunto, ligadíssimo a esse, acontece no Brasil: tramita em regime de prioridade um projeto de lei do líder do governo na câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT - SP) que revoga o artigo da Lei de Biossegurança que proíbe a utilização das chamadas Gurts - Tecnologias Genéticas de Restrição de Uso. Uma das Gurts consiste na  'Tecnologia Terminator' e suas famosas 'Sementes Suicidas' que germinam uma única vez, obrigando os produtores a comprarem sempre as sementes que vão plantar, já que não poderiam mais guardar parte da safra para o replantio. Uma enorme afronta à soberania alimentar nacional.

O que Europa e Brasil tem em comum, nesse caso? É a pergunta que não cala.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Uganda: Derrotada lei homofóbica!



A lei homofóbica de Uganda, que ficou famosa através da petição Avaaz, foi derrotada mais uma vez. Seria entregue ao parlamento na última sexta-feira, mas depois da petição com mais de um milhão e seiscentas mil assinaturas, dezenas de milhares de chamadas telefônicas para o governo do país, centenas de reportagens sobre a campanha e da manifestação geral contra a barbárie, a lei não foi apresentada.

Na Uganda é possível apresentar o mesmo projeto após 18 meses de rejeição, portanto, a luta ainda não acabou. 

Mesmo em nações consideradas 'gay friendly' é cultivado o ódio irracional desmotivado contra homossexuais, transsexuais e transgêneros. É necessária uma verdadeira e profunda mudança de atitude em relação às diversidades sexuais e o caminho para essa mudança é o caminho do coração, da generosidade, da compaixão e do amor. :)


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Código Florestal precisa mudar, mas não para pior!

Venho tentando produzir um texto sobre essa situação toda do Código Florestal, mas a falta de tempo não me permitiu, apesar de ter começado e parado por duas vezes.
De qualquer forma, publico a entrevista do Professor Thomas Lewinsohn ao Jornal Unicamp. É um texto não tendencioso e nos leva a refletir sobre o assunto. 

Entrevista realizada por Manuel Alves Filho, no Jornal da Unicamp Nº 493, publicada pelo EcoDebate, 11/05/2011:

Quando o leitor estiver com este Jornal da Unicamp em mãos, é possível que a Câmara dos Deputados já tenha votado o controverso projeto de reforma do Código Florestal Brasileiro. No momento do fechamento da edição, informações vindas de Brasília davam conta de que a matéria seria apreciada em plenário na última quarta-feira. Dias antes, o JU ouviu uma das lideranças científicas brasileiras contrárias à proposta, o professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, Thomas Lewinsohn, que também responde pela presidência da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação (Abeco). Preocupado com a possibilidade de o projeto relatado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ser aprovado da forma como foi apresentado, o docente voltou a advertir para o risco dessa situação. “Se for aprovado da forma como está, o novo Código se constituirá numa legislação da tragédia anunciada”, afirmou. Na entrevista que segue, Thomas Lewinsohn fala sobre os outros riscos oferecidos pelo modelo proposto por Rebelo, acerca da mobilização da comunidade científica contra essa posição, a propósito da importância do uso do conhecimento científico nas discussões em torno do tema e a respeito da exequibilidade de se conciliar o desenvolvimento da produção agrícola com a conservação do meio ambiente.

Jornal da Unicamp – Enquanto conversamos, as notícias vindas de Brasília dão conta de que o projeto de reforma do Código Florestal pode ser votado nos próximos dias. O senhor acredita nessa possibilidade?

Thomas Lewinsohn - Existem tentativas de forçar a votação desde o ano passado. Formalmente, o que acontece é que foi feito um projeto, do qual o deputado Aldo Rebelo foi o relator, que foi apresentado durante a Copa do Mundo, em dia de jogo do Brasil, se não me falha a memória. Na ocasião, o parlamentar queria votar a matéria rapidamente. Entretanto, ele teve que começar a segurar a votação porque as coisas não estavam tão fáceis como imaginava. Existe um lobby muito forte e articulado que está tentando passar um rolo compressor para que o projeto seja aprovado. Mas o simples fato de ele não ter sido votado ainda significa que existe alguma relutância no governo e que alguma renegociação terá que ser feita. Assim, não estou certo se, quando esta entrevista for publicada, a matéria terá sido mesmo votada.

JU – A comunidade científica começou a se mobilizar contra a proposta de reforma do Código no ano passado. A carta publicada na revista Science, em meados de 2010, foi a primeira manifestação pública nesse sentido?

Lewinsohn – A comunidade científica já estava se mobilizando nos meses anteriores à publicação da carta na Science. Houve várias manifestações em reuniões, diversas cartas e artigos que publicamos na imprensa brasileira. Isso repercutiu de muitas maneiras. As manifestações, portanto, vinham desde o começo do ano passado. Ou seja, nos meses que precederam a publicação na Science já estavam se organizando várias iniciativas entre cientistas. Desde logo, a Academia Brasileira de Ciências [ABC] e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência [SBPC] se engajaram nesse movimento.

JU – Agora, no final de abril, os cientistas divulgaram um documento amplo, apoiado em dados científicos, no qual reafirmam a posição contrária a esta reforma do Código. Que contribuições esse documento pretende dar às discussões em torno do tema?

Lewinsohn – O sumário executivo desse documento foi apresentado no começo do ano. O documento completo, divulgado agora, estende os pontos básicos que foram apresentados desde meados do ano passado, quando o projeto do deputado Rebelo foi tornado público e posteriormente aprovado por uma comissão mista da Câmara por 13 votos a 8. A comunidade científica não tem pensamento monolítico sobre o tema, e é bom que não tenha. Temos diferentes avaliações e pontos de vista, mas existe um amplo consenso de que o projeto tal qual foi apresentado tem problemas graves. Ele propõe certas alterações, particularmente em relação às APPs [Áreas de Proteção Permanentes] e Reservas Legais, que são extremamente comprometedoras em relação à conservação. A maioria dos cientistas que elaboraram o documento, e que pertencem a variadas instituições, converge em ver que a proposta compromete muito a integridade dos ecossistemas em troca de ganhos que são extremamente discutíveis. O argumento apresentado para a urgência em atualizar o Código é de que a produção agrícola brasileira estaria sendo estrangulada pela legislação. E que isso requereria relaxamentos para o setor se expandir. A imagem pública que se construiu é de que o agronegócio, que tem alavancado a balança comercial, estaria sendo ameaçado por um Código arcaico e que vem sendo defendido por meia dúzia de pessoas que são obstinadas em colocar a conservação da natureza acima dos interesses do país.

JU – Essa imagem não corresponde à realidade, então?

Lewinsohn – São falsos dilemas. É quase irônico que se construa um cenário desses. Em outros lugares do mundo você tem dilemas mais reais. O Brasil tem opções em relação a uma combinação saudável e viável de produção agrícola com conservação ambiental, o que poucos países do mundo têm. Aqui nós temos uma terceira via. Os países tropicais da África têm dificuldades muito maiores. No Brasil, não. O que está forçando esse atropelo da reforma do Código são interesses que não são os mais republicanos. O deputado Aldo Rebelo tem se apresentado como o paladino dos pequenos e indefesos agricultores, mas isso não condiz com a realidade. Os pequenos têm muito a perder com a aprovação desse projeto. Afrouxando as exigências de conservação, aumenta o risco de deterioração ambiental das pequenas propriedades, o que irá cada vez mais comprometer a produção e interferir negativamente na qualidade de vida das populações rurais. Ou seja, compromete-se no médio prazo o que se diz que está defendendo. Se há alguém que está particularmente vulnerável nessa história, é justamente o pequeno produtor.

JU – Quais seriam os comprometimentos aos pequenos produtores?

Lewinsohn – A reforma comprometeria uma série de fatores. A polinização das plantas é um exemplo. Se você está numa paisagem muito degradada, você não tem polinizadores nativos. Então, a alternativa que sobra é fazer esse serviço manualmente, o que é muito caro. Nesse caso, a produção fica praticamente inviabilizada. A grande propriedade tem capital e pode se defender desse tipo de dificuldade. O pequeno produtor, não.

JU – A comunidade científica é contra toda e qualquer reforma do Código ou contra a proposta relatada pelo deputado Aldo Rebelo?

Lewinsohn – Há um consenso entre os cientistas de que o Código Florestal precisa ser atualizado. Ele precisa incorporar o conhecimento existente e estabelecer o melhor cenário possível. Há propostas muito melhores do que a apresentada, que sugerem o uso de instrumentos interessantes. Há um ponto da proposta que está tramitando na Câmara com o qual a maioria dos cientistas concorda. É o seguinte: o Estado aparece muitas vezes como um ente puramente fiscalizador e punitivo. No discurso da mudança do Código há um tópico segundo o qual o pequeno produtor está sendo estrangulado. A legislação impõe de fato muitas exigências, mas não oferece mecanismos para a construção de alternativas. Isso é péssimo. É um problema clássico da relação do Estado com os cidadãos, que a gente conhece de outros terrenos, como saúde e educação. Ao revisar o Código, há que se considerar mecanismos que obriguem a conservar e ao mesmo tempo criem melhores condições de trabalho e de produção aos proprietários rurais. Há um consenso nesse sentido. Mas qual é a estratégia proposta na reforma do Código? É de relaxar todas as salvaguardas. O Código instituiu exigências mais estritas a partir dos anos 80, e houve um longo prazo de adaptação. Durante décadas isso não foi implementado. Quando os prazos começaram a expirar, aí os representantes do agronegócio começaram a se mobilizar para conseguir adiamento – e conseguiram já por duas vezes. Isso tem sido usado como abertura para uma anistia geral e irrestrita. Ou seja, por esse argumento, o que aconteceu fica por isso mesmo e aproveita-se para relaxar as exigências, diminuindo as matas ciliares e as Reservas Legais. Isso não é admissível.

JU – O que os cientistas propõem?

Lewinsohn – O que os cientistas estão propondo é o seguinte. Número um, a votação não precisa ocorrer de modo tão açodado. Número dois, não existe esse conflito entre conservação e produção. Não são objetivos inconciliáveis. É preciso ceder de um lado e do outro, mas existe uma ampla margem para o desenvolvimento de projetos lúcidos e factíveis que permitem à agricultura continuar tendo ganhos de produção sem que a conservação mínima seja comprometida.

JU – Qual seria o prazo mínimo para uma discussão mais aprofundada acerca do tema?

Lewinsohn – Falo como pesquisador e como presidente da Associação Brasileira de Ciência Ecológica e Conservação [Abeco]. Eu não estive envolvido na elaboração desse último documento, mas participei dos anteriores. Eu vejo a questão sob o seguinte ângulo: não adianta discutirmos prazos antes de obtermos concordância quanto à necessidade dessa discussão mais aprofundada. Temos que conseguir sentar à mesa para debater a melhor alternativa para o país e sua população. O deputado Aldo Rebelo e os interesses que ele representa infelizmente acham que podem ganhar o jogo no grito, sem discussão séria. Eles alegam que a comunidade científica já foi ouvida e que não há mais nada a discutir, mas isso não é verdade.

JU – Ou seja, os cientistas querem ser ouvidos…

Lewinsohn – Não queremos que os cientistas sejam “ouvidos” simbolicamente. Queremos que o conhecimento científico disponível seja considerado na elaboração do projeto. Desprezar esse conhecimento é criminoso. Sacrificar alternativas seguramente melhores e que contemplam mais satisfatoriamente um leque de interesses econômicos, sociais e ambientais não é admissível. A Abeco tem defendido que os cientistas não pretendem ter palavra final sobre o assunto, mas considera que o Brasil não pode ter o luxo de jogar fora o conhecimento científico acumulado em torno dessa questão. Esse conhecimento não dita, mas traz informações sobre as melhores alternativas.

JU – Na hipótese de o projeto de reforma do Código Florestal ser aprovado da forma como está proposto, quais as consequências para o ambiente?

Lewinsohn – Teremos um avanço agressivo sobre os espaços naturais preservados. Teremos um abocanhamento da Amazônia, uma deterioração das pequenas propriedades, que seriam liberadas das salvaguardas. Isso é o mesmo que dizer que, já que há muito motorista que não está usando o cinto de segurança, o melhor é abolir de uma vez a lei que instituiu esse uso. Ou seja, em sendo aprovado da forma como está, o Código favorecerá a aceleração da degradação ambiental e, como consequência, comprometerá a qualidade da produção agropastoril. Em vez de otimizar e redistribuir a produção, pretende-se dar livre curso ao comprometimento das paisagens naturais remanescentes do Brasil. No que toca às regiões urbanas, estaremos encomendando as próximas tragédias.

JU – Como assim?

Lewinsohn – Se o Código Florestal, tal como ele é hoje, tivesse sido cumprido à risca, desde os anos 60, uma boa parte das tragédias que ocorreram recentemente em Santa Catarina e no Rio de Janeiro, em razão das chuvas, não teriam ocorrido ou não teriam tido as graves consequências que tiveram. Se a lei fosse seguida, não teríamos tantas pessoas morando em situação de risco, pois as áreas de proteção dentro do espaço urbano teriam impedido isso. As chuvas teriam provocado desmoronamentos, mas as consequências humanas teriam sido muito menores. Se for aprovado da forma como está, o Código se constituirá numa legislação da tragédia anunciada. Isto não é lamento de Cassandra. Não é preciso ser especialmente iluminado para saber que isso equivale a sancionar a ampliação da ocupação de áreas de grande risco.

JU – Em outras palavras, essa discussão representa o legado que pretendemos deixar à geração mais imediata?

Lewinsohn – Legado que pretendemos deixar para a nossa própria geração. Estamos falando de coisas que já estão acontecendo. O Brasil é um país onde a ocupação do solo se deu com uma velocidade vertiginosa. Lembro-me de um episódio, ocorrido numas das primeiras reuniões da SBPC, que foi fundada no início dos anos 50. Na oportunidade, um pesquisador alertou que estava preocupado com as florestas do Paraná. Ele dizia que se a degradação continuasse no ritmo em que estava, em um século não haveria mais florestas no Estado. Na ocasião, esse pesquisador não foi levado a sério pelos próprios pares. E é claro que ele estava mesmo errado. A devastação não demorou nem metade do que ele previra, mas sim 40 anos. O processo foi muito mais rápido. No Brasil, é espantosa a velocidade como a degradação avançou sobre um patrimônio biológico único no mundo. Não há mais florestas intermináveis nem fronteiras agrícolas sem fim.


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terça-feira, 10 de maio de 2011

Petição pelo fim da influência comercial na Faculdade de Nutrição da USP

Copiei do Blog Deixa Sair, da Sonia Hirsch, e compartilho aqui por se tratar de assunto de enorme interesse para tod@s que desejam melhor informação sobre alimentação.

Estamos recolhendo assinaturas, por meio de um abaixo-assinado, para regulamentar a publicidade e propaganda de alimentos, fórmulas infantis e de nutrição enteral e parenteral em ambientes acadêmicos relacionados aos cursos de Nutrição.

Entendemos que as indústrias alimentícias investem em estudantes de Nutrição, através do envio de representantes para ministrarem aulas nos cursos, promovendo seus produtos e distribuindo brindes e amostras grátis, além do patrocínio de eventos universitários e congressos, porque sabem que esses irão utilizar as informações obtidas em sala de aula como parâmetro para a atuação profissional, sendo os futuros propagandistas de suas marcas e seus produtos.

Este abaixo-assinado será enviado ao Conselho Federal de Nutricionistas e aos Ministérios da Saúde e da Educação.

Se também for contra essa prática nos cursos de Nutrição, assine e nos ajude a divulgar.


Abraços,

Centro Acadêmico Emílio Ribas

Nutrição - FSP - USP

Av. Dr. Arnaldo, 715 São Paulo-SP

Fone/Fax: (11) 3061-7725

www.caemilioribas.wordpress.com

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Enquanto isso, fora do Brasil...

Suécia em breve estará livre de alimentos transgênicos

 
Desde que a União Europeia, após forte lobby das indústrias de transgênicos, permitiu que a regulamentação de rotulagem não obrigasse a identificação dos produtos derivados de animais alimentados com ração transgênica, a Coalizão dos Consumidores da Suécia começou um árduo trabalho para convencer os criadores de animais a assinar compromissos públicos de não utilizar ração transgênica.
Como resultado, todas as organizações de criadores de aves, ovelhas, bovinos para carne e gado leiteiro estabeleceram regras para não permitir o fornecimento de ração transgênica a seus animais. Os únicos que não aderiram ao movimento foram alguns grandes produtores de suínos, incluindo o ex-presidente da organização dos criadores.
Os ativistas começaram então uma campanha de boicote à carne de porco da Suécia. A campanha teve início em março de 2010, inicialmente limitada a 3 meses para iniciar um processo de diálogo. Como este diálogo não teve resultado no curto prazo, a campanha foi prolongada.
Finalmente, o maior matadouro do país, chamado SCAN, decidiu não mais aceitar porcos alimentados com ração transgênica. Pela nova regra, divulgada no dia 01 de maio, a partir de 01 de setembro de 2011 nenhum suíno alimentado com transgênicos será aceito. Em seguida, outros matadores declararam que vão seguir a mesma decisão do SCAN.
Isto significa, na prática, que nenhum grão transgênico será mais importado por criadores suecos ou processadores de alimentos e, assim, todos os alimentos suecos serão, enfim, livres de transgênicos. Exceção apenas para alguns alimentos importados e para os 5 hectares de batata transgênica para fins industriais (não alimentares) que a Basf cultivará no norte do país.

 
Fonte: Sweden will soon be GM-free! - GMWatch, 28/04/2011.


Lima (Peru) diz não aos transgênico
A capital do Peru planeja se declarar “zona livre de transgênicos” depois que foi publicado um polêmico decreto que, segundo os críticos à transgenia, irá inundar o país com transgênicos.
Muitos municípios além de Lima (que tem mais de 8 milhões de habitantes), assim como grupos de agricultores, agrônomos e médicos denunciaram o decreto publicado em 15 de abril.
O vice-prefeito Eduardo Zagarra declarou esperar que o novo regulamento municipal seja aprovado “tão rápido quanto possível” pela nova administração socialista de Lima. “Não permitiremos a entrada de sementes transgênicas. Com esta declaração Lima está dizendo não à experimentação com sementes transgênicas. É uma medida de precaução, para preservar nossa biodiversidade, depois deste surpreendente decreto.”
O ministro de Agricultura do Peru, Rafael Quevedo, minimizou o decreto de abril e disse que a norma pretende apenas regulamentar os procedimentos de entrada para transgênicos entre as várias agências governamentais responsáveis pela biodiversidade. “É uma regulamentação que tenta eliminar erros, controlar o uso de transgênicos e assegurar que eles não entrem no país se for constatado que representam risco”, disse ele.
Campos experimentais de milho transgênico já foram autorizado no Peru e soja e milho transgênicos são importados para ração animal. Pela lei, alimentos contendo transgênicos devem ser rotulados. (...)
Fonte: Lima to declare itself a GMO-free zone - AFP, 28/04/2011 (em GMWatch).

Fonte geral: AS - PTA

O Brasil e os transgênicos


Projeto que acaba com rotulagem de transgênicos pode ir a votação na Câmara

O deputado Lincoln Portela (PR-MG) apresentou no último dia 4 requerimento para que entre na ordem do dia o projeto de lei que propõe fim da rotulagem dos produtos transgênicos. A proposta é de autoria do deputado ruralista Luiz Carlos Heinze (PP/RS).

O que diz o PL 4148/08?

A proposta elimina a informação no rótulo se não for detectável a presença do transgênico no produto final - o que exclui a maioria dos alimentos (como óleos, bolachas, margarinas, enlatados, papinhas de bebê etc.); (2) não obriga a rotulagem dos alimentos de origem animal alimentados com ração transgênica; (3) exclui o símbolo T que hoje facilita a identificação da origem transgênica do alimento (como tem se observado nos óleos de soja); e (4) não obriga a informação quanto à espécie doadora do gene.

Resumo dos principais argumentos contra o PL:

1) Fere o direito à escolha e à informação assegurados pelo Código de Defesa do Consumidor, nos artigos 6º, II e III e 31 e desrespeita a vontade dos cidadãos que já declararam que querem saber se um alimento contém ou não ingrediente transgênico (74% da população - IBOPE, 2001; 71% - IBOPE, 2002; 74% - IBOPE, 2003; e 70,6% - ISER, 2005).

2) Representa um retrocesso ao direito garantido pelo Decreto Presidencial 4.680/03 (Decreto de Rotulagem de Transgênicos) que impõe a rastreabilidade da cadeia de produção como meio de garantir a informação e a qualidade do produto (vale lembrar que a identificação da transgenia já é feita para a cobrança de royalties).

3) Impedir a informação da característica não geneticamente modificada do produto é um desrespeito ao direito dos consumidores, dos agricultores e das empresas alimentícias que optam por produzir alimentos isentos de ingredientes transgênicos e tem como única finalidade favorecer a produção de transgênicos.

4) A rotulagem de transgênicos é medida de saúde pública relevante ao permitir o monitoramento pós-introdução no mercado e pesquisas sobre os impactos na saúde.

5) Pode impactar fortemente as exportações, na medida em que é grande a rejeição às espécies transgênicas em vários países que importam alimentos do Brasil.

6) Descumpre compromissos internacionais assumidos no âmbito do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, Acordo Internacional ratificado por 150 países, do qual o Brasil é signatário. De acordo com o Protocolo, os países membros devem assegurar a identificação de organismos vivos modificados nas importações/exportações, destinados à alimentação humana e animal (artigo 18. 2. a).

Veja o Projeto de Lei diretamente da Câmara dos deputados, clicando aqui. 

Fonte: AS - PTA

Foto retirada desse blog. 

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Bruxelas 17 abr – o futuro das sementes crioulas

Foto: Kenia Bahr - Menininho de Paraibuna

Como muitos já estão sabendo, no próximo dia 17 em Bruxelas, Bélgica, será decidido o futuro das sementes crioulas e, conseqüentemente, o futuro da soberania alimentar no planeta.

Se as agro-corporações conseguirem o que querem, o trabalho dos pequenos agricultores que vêm reproduzindo e armazenando sementes puras será considerado oficialmente ilegal.

Com as sementes sendo “legalmente” privatizadas, num futuro próximo todos passarão a ter que comprar sementes dessas grandes empresas.

 
Em última instância isso significa que a geração dos nossos filhos já não terá acesso a alimentos não-transgênicos.

 
Christine e Yanick (os produtores fanceses que deram cursos no Brasil em Dezembro passado) solicitam acesso ao link http://www.seed-sovereignty.org/ que reúne os esforços de resistência internacional contra esse ataque decisivo ao mais fundamental dos direitos humanos: o direito à alimentação de qualidade.

 
O site tem versão em português. Yanick estará lá em Bruxelas dia 17. Nesse site é possível acompanhar mais de perto esse movimento e tem também o link da petição internacional em defesa da soberania das sementes.

Fonte: Núcleo de Economia Solidária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acesse aqui o site.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

É tempo de pinhão!

A semente do Pinheiro-do-Paraná ou Pinheiro Brasileiro (Araucaria angustifolia) é chamada pinhão e concebida como fruto por muitas pessoas, inclusive, para meu espanto, pelo conceituado Harri Lorenzi em seu livro Árvores Brasileiras. Aprendi na Biologia que a Araucária, sendo uma planta da família das Gymnospermas, não dá frutos (Gymnos = nu, sperma = semente), sendo suas sementes nascidas diretamento no estróbilo (flor) feminino após a fecundação. Enfim, sistemática à parte, o pinhão é uma das maravilhas nativas do Brasil que nem todo mundo conhece ou acessa pelo motivo óbvio: só aparece do sul de Minas Gerais pra baixo, o que inclui São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O pinhão é rico em proteínas, minerais e carboidratos. Alimenta e faz crescer, além de ter textura e sabor deliciosos. Gosto de pinhão é único, mas dá pra arriscar algo entre o milho verde e a mandioca com uma lembrança suave de essência de Pinus, quando as sementes estão mais jovens. Conheci o pinhão assado na brasa, com casca e tudo e descascado quente, numa noite muito fria de julho na zona rural de Urupema/SC. Depois descobri que se come cozido na água também, claro que não tem o mesmo charme e nem o mesmo sabor, mas também é muito bom.

Tem festa do pinhão pra tudo que é canto desse lado de baixo do trópico de capricórnio e ele é parte fundamental da dieta de milhões de pessoas, além de fazer bonito no turismo rural e regional. Minha amiga Mara da Pousada do Matutu, coleta os pinhões que caem todos os anos no imenso quintal e congela pra servir o ano todo sob a forma de farofa, purê, patê e molho para os diversos pratos vegetarianos que serve no restaurante da pousada. A história mais linda era a da brincadeira que fazia todos os anos com as crianças da pequena escola que ela mesma dirigia, encravada no Vale do Matutu: a corrida do pinhão. As crianças coletavam o máximo que conseguissem de pinhões e enchiam sacos, por equipe. A partir daí, separavam as sementes que conseguiam de acordo com comandos da professora. Assim, aprendiam a somar, subtrair, multiplicar e dividir. Faziam porcentagem. Uma parcela das sementes eram plantadas e estudava-se o ciclo biológico da planta, como brotava, como crescia. As que ficavam esquecidas morriam e secavam, dando às crianças a noção de cuidado, amor e responsabilidade. Replantadas, as sementes estudadas agora viravam arvores lindas que um dia iriam repor as que ficavam velhinhas e morriam ou as que por algum motivo tiveram que ser retiradas.

Agora é tempo de pinhão. Os pinhões mais novinhos estão a cair e em alguns lugares é possível coletá-los até meados de junho.

Pinhão é símbolo de tradição, de gente junta comemorando, se aquecendo nesses tempos em que o coração pede calor. É soberania alimentar, é semente do povo brasileiro. Viva!

P.s.: receitinhas de pinhão ficarão pro próximo post!